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27/04/2020

5 pontos-chave para entender BERT, o novo algoritmo do Google

BERT é a nova otimização do algoritmo do Google, que foi desenvolvida com o objetivo de melhorar os resultados de pesquisa dos utilizadores.

No passado mês de setembro, o Google anunciou a implementação da maior atualização do seu algoritmo nos últimos cinco anos. BERT (Bidirectional Encoder Representations from Transformers) começou então a impactar as pesquisas em inglês, embora, a partir do passado 9 de dezembro, já esteja operacional também para as pesquisas em mais de 70 idiomas diferentes e em mais de 20 países.

O que é o Google BERT?

BERT é uma rede neuronal de código aberto baseada no processamento da linguagem natural e cujo objetivo é compreender as pesquisas dos utilizadores da forma mais precisa possível. O grande avanço reside na sua capacidade de interpretar a linguagem natural do ser humano, incluindo o contexto e as nuances. Até agora, o algoritmo interpretava as pesquisas palavra a palavra, mas, graças a esta atualização, o Google também é capaz de entender as ligações existentes entre as palavras de uma pesquisa.

Como funciona o BERT?

O modelo de machine learningutilizado pelo BERT baseia-se numa ideia lançada pelo linguista britânico John Rupert Firth na década de 60, através da qual afirmava que é possível deduzir o significado de uma palavra em função das que a rodeiam.

BERT utiliza inteligência artificial para permitir ao Google uma interpretação bidirecional dos termos que compõem as pesquisas introduzidas pelos utilizadores. Deste modo, consegue deduzir o que significa cada palavra de uma pesquisa em relação ao seu contexto e que ligação tem com as restantes palavras que constituem a pesquisa. Por exemplo, se um utilizador digitar "mudar o brilho do portátil", provavelmente, estará à procura de indicações para ajustar o brilho do ecrã do seu portátil. A palavra "mudar", portanto, neste caso, não significa "substituir uma coisa por outra" mas faz referência à aceção "ajustar".

"Na sua essência, o Google Search baseia-se em entender a linguagem. O nosso trabalho é decifrar o que o utilizador quer procurar na rede, sem importar como o escreve ou como combina as palavras no teclado." (Pandu Nayak, vice-presidente da Google)

O que levou o Google a desenvolver esta atualização?

A grande tarefa do Google é oferecer os melhores resultados da forma mais rápida possível ao utilizador que realiza uma pesquisa, fornecendo-lhe informação precisa e de qualidade e direcionando-o para websites de confiança.

Pandu Nayak, vice-presidente do Google Search, afirma que cerca de 15% das pesquisas que se realizam diariamente no Google são novas, não foram feitas previamente. Por essa razão, a análise por coincidência dos termos que o algoritmo do Google realizava até agora não era suficiente para oferecer resultados precisos para as novas pesquisas.

Outra das motivações para o desenvolvimento do BERT foi o notável aumento das pesquisas por voz, especialmente em países como os EUA, o que requer que o Google seja capaz de se adaptar à linguagem natural da forma mais precisa possível. Por isso, o BERT também afetará os utilizadores que solicitem informação ao Google Assistant através da voz.

O que conseguiu a chegada do BERT?

Para compreender o grande salto que o Google conseguiu dar com a chegada do BERT, podemos ver outro exemplo que mostra claramente o avanço alcançado:

Em 2019, um utilizador fez a seguinte pesquisa: "2019 viajar do Brasil para Estados Unidos faz falta visto". Entre os resultados que o Google devolveu, encontrava-se um artigo do Washington Post que falava sobre viajar dos Estados Unidos para o Brasil. O que aconteceu neste caso foi que o Google não teve capacidade para assimilar a importância da preposição "para" e os resultados que ofereceu não correspondiam à necessidade do utilizador. Com a chegada do BERT, para esta mesma pesquisa, o Google oferece, como primeiro resultado, a página sobre vistos para turistas procedentes do Brasil no website da embaixada dos EUA no Brasil.

O que o BERT conseguiu corrigir foi o desajuste que se produzia em algumas pesquisas entre a intencionalidade da pesquisa do utilizador, o que exprimia na própria pesquisa e o que o Google entendia.

Como afetará o posicionamento web em motores de pesquisa?

Com o BERT, o Google coloca nas primeiras posições da pesquisa os websites que se preocupam verdadeiramente em responder de forma natural às consultas dos utilizadores através do conteúdo que oferecem. Dessa maneira, devemos começar a considerar o SEO como um conjunto de técnicas para otimizar os resultados, focando-nos nos utilizadores e não tanto nos robôs tradicionais do Google.

As melhorias na compreensão da linguagem natural que o Google BERT conseguiu e os seus esforços para compreender melhor as consultas repercutir-se-ão positivamente nos websites que ofereçam conteúdos redigidos com maior naturalidade. Dessa maneira, a informação de cada website é compreendida pelo Google de uma forma muito mais natural, pelo que tudo aponta para que, no futuro, sejam menos necessárias as técnicas de SEO que geram textos "pouco naturais" em termos de uso e disposição da linguagem.

Em consequência, não é possível otimizar uma página web especificamente para BERT, dado que não é um fator de posicionamento. A sua função é enviar tráfego de maior qualidade para o nosso website quando a informação resolva a necessidade do utilizador, embora aconteça, por exemplo, que a ‘keyword’ de pesquisa não esteja presente explicitamente no nosso conteúdo. Trata-se de um algoritmo mais "humano", que tenta compreender a linguagem natural dos utilizadores.

Da parte da Protecmedia, incentivamo-lo/a a celebrar este tipo de mudanças, que tanta incerteza produzem, visto que o Google trabalha permanentemente para associar otimamente as consultas dos utilizadores à informação que se revele mais precisa e útil. BERT é uma evolução positiva para o posicionamento orgânico, dado que nos permite uma redação de conteúdos mais conversacional e natural. Dessa maneira, não estaremos tão condicionados pela utilização estática de ‘keywords’, que, por vezes, fazem os textos perder a naturalidade.

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